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sábado, 20 de março de 2010

ADEUS AO ÊXODO NORDESTINO

Há muito, os nordestinos, sem investimentos em seus estados, migravam para o sul em busca de emprego. Podemos dizer que autoridades e empresários sempre foram coniventes e até apoiadores desse tipo de migração, pois representava mão-de-obra barata e, sem escolaridade, poderiam ser usados como massa de manobra para diversos fins, principalmente políticos. Inchando os grandes centros, com um crescimento desordenado (com vistas grossas por parte das autoridades), nas épocas de crise (segurança, desemprego e até nas enchentes) os migrantes e/ou seus descendentes sempre foram responsabilizados por alguns segmentos da sociedade. Graças a um olhar mais atento e com boa vontade política, o Governo Federal investiu no Nordeste Brasileiro e, com mais emprego em seus estados e valorização do seu trabalho, esse cenário está mudando. É o que constata o Blog do Sakamoto:

Por Leonardo Sakamoto:

Uma vida sem pedreiros, cortadores de cana e faxineiros


19/03/2010 - 13:49
Não é novidade que, apesar da economia estar crescendo e vagas sendo abertas, o país não tem profissionais capacitados para atender à demanda do mercado (ah, a educação…) Uma reportagem exibida hoje no Bom Dia Brasil, da Globo, mostrou como a disputa por mão-de-obra qualificada tem feito com que o ganho líquido de um pedreiro seja, em alguns casos, quase o dobro que o de um engenheiro recém-formado. Particularmente, não acho que isso deveria assustar, mas isso é outra história.
Chamou a atenção uma declaração do presidente do CREA de Minas Gerais, Gilson Queiroz Filho, à rede de TV: “A avaliação é geral, principalmente, o Nordeste que era um grande fornecedor de mão-de-obra para Sudeste, Sul, hoje tem muita atividade. As pessoas estão se fixando naquela região e não vêm mais para atender a construção civil”. Não creio que ele tenha usado um tom negativo em sua fala, apenas feito uma constatação. Mas já ouvi muita gente verificar a mesma situação e reclamar da diminuição do volumoso estoque de braços nordestinos baratos que sempre esteve à disposição para o serviço aqui no Sul Maravilha. A floresta de concreto plantada em São Paulo cresceu regada ao baixo custo dessa força de trabalho e nem sempre tratando os filhos adotivos com o respeito que mereciam.
Para esse pessoal, problema maior não é a falta de mão-de-obra especializada, mas sim a redução no estoque de pessoas procurando qualquer emprego. Com muita gente disposta a trabalhar e poucas vagas, a remuneração oferecida e a qualidade de vida do trabalhador vão lá embaixo. Quando o número diminui, o custo do trabalho aumentam. Viva a lei da oferta e da procura.
É cedo para falar em processos duradouros e sustentáveis, mas será ótimo se chegar o dia em que teremos que desembolsar mais e garantir melhores condições a categorias historicamente maltratadas para contar com os seus serviços. Pedreiros, cortadores de cana, faxineiros, empregados domésticos só aceitariam empregos se fossem justamente remunerados e tratados sem preconceito. É utópico, eu sei, mas se o norte for o conformismo, a barbárie vai triunfar.

Quero ver aguentarmos um dia sem eles.

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